sexta-feira, 30 de maio de 2008

Nossas amadas

Eu tenho um brother, o Tiagão (que aparece nesse mundo blogger/internético como "ortomante") que me faz companhia no desfrute do maravilhoso mundo das bebidas. O cara guenta muito mais que eu, claro. Mas a gente se diverte em várias baladas.

Ele aprecia mais vodka que whisky, eu prefiro o contrário. Ambos adoramos cachaça. Não sei se ele aprecia demais o sake, mas com certeza muito mais que eu. Sake pra mim tem um gosto realmente estranho. Mas não vou mentir que já tomei um porre uma vez, no Sacolão da Vila, com o Saulo. O Saulo sim é grande fã de sake, e da cultura japonesa em geral. Outro que curte sake é o Jarbão, que também aprecia conhaque, que sempre me pareceu demais uma bebida de coroa. Fora isso, acho que da turma sou o que mais gosta de vinho, coisa que o pessoal acha meio de mulherzinha. Mas dane-se, vinho tem suas sutilezas, de tal maneira que eu até colocaria na categoria da alta gastronomia pela complexidade de paladares. E não vou esquecer da jurubeba, folclórica demais, que me foi apresentada pela Cássia. A mais comum de todas é a famosa "breja", que muitos amam e acho que poucos desconhecem.

O fato é que essas bebidas não são simplesmente variedades de álcool. Se não, não teriam seus adeptos e desafetos. Assim que decidem perder o medo deste "mundo", as pessoas experimentam quase todas, apreciam algumas, detestam poucas e geralmente se apaixonam por uma.

E uma vez dessas teve uma história interessante. Eu tava no Toldo Azul, um boteco da Cardeal que vou há 10 anos, com o Tiagão. Na época (e acho que até hoje) ele tinha como prática pedir uma "vodkinha", como ele carinhosamente chamava sua "companheira" de baladas. Ele sentou comigo à mesa e, para minha surpresa, não pediu a citada. Eu: "e aí, não pede vodka hoje?"

E ele respondeu o que será o tema deste post: "A vodka é uma mulher cruel. Ela te usa, te acaba e você fica com meio que medo dela. Daí ela aparece uma noite de repente, te empurra na parede e vocês tem uma relação explosiva de novo."

Aquilo foi genial. Ele comparou uma bebida com uma mulher, e realmente percebi naquele momento que as bebidas não tem só teor alcoólico, elas têm uma personalidade. Cada bebida é uma mulher com jeito próprio de te agradar, de te tratar, de fazer você feliz e de te ferrar grandão também. Eu comecei um pequeno exercício na época mas, como todas as idéias de que gosto, desapareceu da minha memória. Vou aceitar o desafio de recriar o perfil de cada uma dessas "mulheres" agora.

Vodka: européia malvada, de poucas palavras, te beija agressivamente. Quando você vê, te acaba e te faz dormir na pia. Desaparece sem deixar notícias depois que te usou.

Cachaça: brasilerinha safada e vileira, te agarra e te faz perder a cabeça no primeiro chupão. Sempre sambando, de sandalha baixa, te faz sentir menino.

Vinho: sedutora e inteligente, nada vulgar e muito intelectual. Te faz sentir especial e engraçado, te mostra coisas boas da vida. De repente você dorme e ela foi embora.

Sake: asiática que não fala sua língua, cara de inocente e fala em tons baixos. De repente te derruba na cama e vira um capeta. Faz um baita estrago peo tamanhosinho.

Whisky: sofisticada, uma executiva baladeira com uma pickup. Difícil de engolir a princípio, a única que te entende depois. Refinada, te fode de noite e você está 100% no dia seguinte.

Gin: faz até os experientes se sentirem despreprarados. Mais fácil quando medicamentada com sua tônica. Do caso contrário, fica completamente histérica e te faz achas as outras muito normais.

Cerveja: amiga de amizade colorida, ela não tem segredos para você. Tá contigo no futebol e em todos os happy hours. Perdoa até sua barriguinha. Só te faz mal quando vocês realmente se empenham. Forma uma bela dupla com a Cachaça e com a Tequila.

Tequila: jogadora, adora apostas tipo "1, 2, 3 e vira". Te encontra sempre nas baladas, sempre com alguma brincadeira com limão e sal que te apaga antes de você aproveitar. A vantagem: te agita um monte de minas que adoram ela.

Essas são só as mais clássicas. Não vou lembrar de todas. Convido você que já teve um caso de amor com uma (ou mais) delas a postar o depoimento de seu relacionamento.

Um brinde às mulheres, e às bebidas que as metaforizam.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Minha vida é Shuffle


Tenho um iShuffle, aquele pequeninho. Bonitinho, legal, com um clip preu prender na passadeira da calça. Eu preferia que fosse aquele verdinho legal, mas o prata não faz feio não.

Eu precisava mesmo de algum birinaitezinho preu botar minhas músicas. Sou dependente de trilhas sonoras na maioria das situações em que estou sozinho. Se não minha cabeça entra num loop e eu fico escrutinizando um assunto. Com a trilha sonora eu, pelo menos, mudo um pouco o meu "clima" em relação ao assunto.

Então ganhei o iShuffle do irmão. E ele tem uma coisa que eu gosto muito: a sensação de imprevisibilidade. Eu sempre ouço as músicas no iTunes no shuffle. Sinto que quando a gente ouve um álbum inteiro, nem percebe a mudança das músicas. Eu já conheço a sequência de todos os meus ábuns de cór. É meio monótono (além de meio bobo).

Já quando você ouve no Shuffle não. O Shuffle tem aquele misterinho, aquela emoção que o rádio tem. "Putz, essa é muito boa!", "Nossa, puta tempo que eu não ouço essa" ou até um "Que catso de música é essa?". Tudo coisa muito normal pro mundo de hoje, em que a gente baixa albuns (ou ainda, discografias) completas e nunca ouve tudo. As pessoas gostam de "Rehab", baixam a discografia completa da Amy e ouvem 827 vezes rehab e 2 vezes "You Know That I'm No Good". A solução pra isso é o Shuffle. Você manda ele repor as músicas aleatoriamente e descobre coisas mágicas. Eu descobri cada som alienígena. Teve um dia, sozinho em casa, que ouvi, no meio de um free jazz macabro, uma voz me falando "There are other worlds, that you don't know, and they wish to speak with you". Foi foda. Tipo de emoção que meu iShufflezinho sem display me traz.

Outro jeito bem legal de usar o iShuffle é ir apurando ele, música por música, até ter aquele 1 Giga perfeito para qualquer situação.

Daí fiquei pensando nisso outro dia, nessa imprevisibilidade do iShuffle e por que eu prefiria muito isso até a um iPod normal. Juro que não sei se tem shuffle num iPod normal. E comecei a desenhar o que seria uma linha de campanha pro iShuffle.

Minha vida é Shuffle.

Eu gosto de não saber o que vai acontecer na próxima esquerda numa esquina ou no sábado que está chegando. Ser surpreendido é infinitas vezes melhor que receber algo bom que você já sabia antes. Acho que é isso que dá o sabor na loteria, algo bom de um minuto para o outro.

Viver no Shuffle é encontrar aquele brother seu das antigas no meio da rua. E decidir passar a tarde com ele bebendo cerveja. E lá no final da tarde descobrir que ele tá numa puta agência animal e que ele tá doido atrás de um redator. Adapte isso à sua profissão e cargo, ou ligue para mim caso ele esteja realmente precisando de um redator numa agência animal.

Viver no Shuffle é aquele lance de aceitar fazer uma viagem de bate-e-volta (daquelas que não tem volta), é aparecer em uma festa em que você só conhece uma pessoa e sair conhecendo todas, é chegar em um restaurante russo e pedir o prato com o nome com mais consoantes.

E até tomar um porre na hora do almoço e deixar o resto do dia vir chegando sem preocupação.

Pensei em desenvolver isso em mil peças, em fazer peças que eu nunca tinha visto para essa idéia. Em fazer algo que não seja um peça, que seja algo diferente do que eu já conheço. Mas, pra conseguir fazer isso, tinha de conseguir primeiro explicar em um texto.

Eu me viciei em Shuffle desde pequeno.
Só nunca tinha tido um radinho que pensasse como eu.


Quanto da sua vida você deixa no Shuffle, e quanto você deixa na reprodução automática?

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Back to the Machine


Fiquei um belo tempo sem escrever porque sei lá. Fiquei.
Manja quando você quase deixa uma planta morrer? Gente tem disso às vezes, 'bandona e não quer mais pensar no assunto. Acho que muitos barbudos começam assim. Hora que foi ver, não dava mais pra tirar com lâmina, precisava de tesoura, não tinha tesoura, escreveu "O Capital".

Tenho ouvido bastante um lance novo, me comoveu: Maquinado.
É o tal do Lúcio Maia, guitarrista do Nação Zumbi. Esses caras não são só a sombra do Science, nem a pau. eu não sabia disso antes. O cara é figura. Tão chamando ele de "o guitar hero brasileiro". Na boa? É e não é. É no sentido original, uma guitarra na mão e atitude em tudo quanto é canto do corpo. Um cara desses com uma Gibson na mão não precisa de muitas palavras pra emocionar bem a galera, bem como o Page. E não é no sentido 80's dos guitar heros cabelão e roupa de semi-traveco e jogadinhas de cabeça pra trás e viadagens do estilo. Não, não é nada disso, se você tem medo dessas coisas (vou te confessar que não tenho tanto medo de Malmsteen) vai fundo que a peada é bem outra. É um resgate do samba e do eletrônico espacial, é Nelson do Cavaquinho e Kraftwerk. De boa, é melhor de ouvir que eu sou de escrever, então eu não vou te fazer chegar lá tanto quanto se você ouvir.
obs.: o nome Maquinado não é à toa não, seu doutor. Interpretação minha, de letrero que sou, esse "maquinado" tem a ver com o lance que o Lúcio Maia, admitindo que vai usar efeitos, resolveu explorá-los a fundo, tanto na guitarra quanto na voz.

Saca só e diz se não é foda:

http://youtube.com/watch?v=-GRJb_pZenQ
http://youtube.com/watch?v=Crdf-s5yvGw

E essa é só pra ver como o cara é um puta mundrungo, no fim das contas. A Fernanda se mijou de rir, e me fala: esse cara é bem tipo os seus amigos.

http://youtube.com/watch?v=L4fCmc2kypA

Vou tentar arranjar um CD. Se eu conseguisse colocar esse cara pra tocar no meu aniversário (cara, como é bom sonhar) ía ser melhor ainda.